Vejo o sol nascer de novo,
piscando, com mal contato.
Sinto saltar mais outro ovo
direto para o seu prato,
onde não posso chocar
meu filho estalado.
Enquanto preparo seu café
você me quer para o jantar,
dispensa guardanapo ou talher,
cuidado pra não se engasgar
com essa canja.
Somos apenas as galinhas no outono
esperando pelo verão.
Vejo a fila se formando,
gerando certo alarde.
Todas elas seguem caminhando,
buscando a liberdade.
Mas eu sei o que virá
depois daquela porta.
Já está chegando a minha vez,
só restam três e aí sou eu,
mas eu não isento o freguês
por não ter sido quem torceu
meu pescoço...